"Estou triste. Morreu meu amigo Tinoco. Sim, posso dizer que era meu amigo. Aprendi a admirar as músicas de Tonico e Tinoco na infância graças ao meu pai, fã de música caipira. Sou feliz por tê-lo conhecido, entrevistado algumas vezes, me tornado amiga. Grande figura. Fico feliz por ter ajudado que ele fosse homenageado, ainda em vida, naquele show do Roberto Carlos com os cantores sertanejos. Tchau, meu amigo Tinoco. E parabéns por sua trajetória nesta vida. Beijos, Mariana Kotscho".
José Perez, o Tinoco, 91 anos e mais de 75 de carreira,viajou para o céu na madrugada desta sexta-feira, 4 de maio de 2012. Morreu num hospital público, na Mooca, onde morava, depois de sobreviver com muitas dificuldades nos últimos tempos.
É sempre difícil escrever sobre a morte de um amigo querido, ainda mais de uma figura desta grandeza, um dos maiores nomes da cultura popular brasileira em todos os tempos.
Durante seis décadas, ele formou com o irmão José Salvador Perez, morto em 1994, a dupla Tonico e Tinoco, a mais longeva e prolífica dupla da nossa música.
Quando eles completaram 50 anos cantando juntos, tive a oportunidade de entrevistá-los pela primeira vez, mas tive que pedir ajuda a um outro amigo, Octavio Frias de Oliveira, o dono do jornal, para cavar um espaço na "Folha Ilustrada". Os jovens editores da época não gostavam muito deste negócio de "música caipira".
Já sem Tonico, Mariana entrevistou Tinoco para o programa Almanaque, da "Globo News", e assim nossas famílias acabaram ficando amigas.
Reeencontrei Tinoco em Piracicaba, no interior paulista, onde ele iria cantar sozinho num sábado à noite e passamos o dia conversando. "Tinoco sem Tonico _ sozinho na estrada e nos palcos canta para viver, aos 88 anos", foi o título da reportagem publicada pela revista "Brasileiros", em setembro de 2009.
Tinoco é homenageado por Roberto Carlos
Há tempos ele não se apresentava para uma platéia tão grande, diante do ginásio lotado. Escrevi aqui no Balaio no dia seguinte:
"Aclamado pelo público, Tinoco não largou mais o microfone e desandou a falar, contando histórias da sua vida, como se estivessse no picadeiro de um cirquinho do interior no início da carreira. Fez o público rir e chorar ao brincar com sua idade um pouco avançada, certamente fazendo o emocionado Roberto Carlos se sentir um garoto ao lado dele
Quase uma da manhã de quinta, quando o espetáculo já estava terminando, Tinoco saiu do palco feliz, caminhando tão lentamente como quando entrou, levando nas mãos a placa que recebeu de Roberto Carlos, Chitãozinho e Xororó, em homenagem à sua longa carreira, que abriu o caminho para outras duplas e cantores sertanejos que se apresentaram nesta noite inesquecível".
O show era beneficente e boa parte da renda foi doada por Roberto Carlos a Tinoco.
Vai com Deus, amigo Tinoco, grande brasileiro. E leva um abraço ao Tonico.
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